Rumo ao exterior

Rumo ao exterior

Argentina é um dos destinos mais procurados pelos brasileiros.

Fabiana Matsuda (fabiana.matsuda@gmail.com)

Na última semana o dólar aumentou, mas nos últimos meses os brasileiros aproveitaram o preço baixo. Os turistas preferiram mais as viagens internacionais do que os destinos dentro do país. Isso se deve, principalmente, ao aumento da renda da população brasileira, a queda do dólar e a facilidade de crédito.

De acordo com o economista Antônio Carlos Lobão, esse conjunto de fatores favoreceu para que os brasileiros optassem pelas viagens internacionais. “Viajar ao exterior ainda é mais negócio do que viajar pelo Brasil. Às vezes,  é mais barato passar um final de semana em Buenos Aires, na Argentina, do que um final de semana em Salvador, na Bahia”, afirmou o economista.

Os preços acessíveis, os produtos importados e a proximidade com o Brasil são fatores que contribuíram para que os brasileiros optassem pelos destinos na América do Sul.

O proprietário de uma agência de turismo de Campinas, Mauricio Muricca Tambasco, afirmou que nos últimos meses, a procura pela Argentina aumentou e muito. “Buenos Aires tornou-se o final de semana do brasileiro. As pessoas têm três, quatro dias e fogem para Argentina. Tanto é que de domingo para conseguir um voo de Buenos Aires para São Paulo, normalmente, é muito difícil. Paga-se muito caro, porque os voos estão lotados. Feriados, todos bloqueados, somente com muita antecedência. A Argentina é um grande foco”, ressaltou Tambasco.

A estudante Sara Lazarin já viajou três vezes para a Argentina. A primeira viagem foi um cruzeiro, que passava por Buenos Aires, em dezembro de 2009, na semana do Natal. “Dessa vez não explorei muito a cidade. Na noite do primeiro dia, fui a um show de tango (señor tango), foi incrível. Já no segundo dia, sai para um passeio de compras pela cidade, mas como era véspera de Natal estava quase tudo fechado”, contou Sara.

Na segunda vez, a estudante viajou na semana do feriado de finados, em 2010. Sara e mais cinco amigas de São José dos Campos foram para Buenos Aires com a intenção de fazer compras. “Nós fizemos tudo por conta própria, passagem, hotel, transferência. Foi ótimo, porque ficamos cinco dias em Buenos Aires. Deu para aproveitar bastante”, afirmou a estudante.

Apesar do aumento do dólar, em novembro deste ano, Sara vai viajar para Argentina novamente. A estudante e mais cinco amigas da faculdade vão ficar cinco dias no país. “Dessa vez, vamos aproveitar para conhecer melhor cada bairro de Buenos Aires e não vamos focar muito em compras. Nós temos uma escala em Montevidéu no voo de volta, vamos ficar praticamente um dia por lá, só esperando. Então, aproveitaremos para conhecer um pouco a cidade também”, relatou Sara.

O Banco Central divulgou, recentemente, que no primeiro semestre deste ano, as despesas dos brasileiros com viagens internacionais somaram 10,18 bilhões de dólares. Este valor é 44% maior do que o registrado no mesmo período de 2010.

O economista Antônio Carlos Lobão explicou que além do aumento da renda, houve uma melhor distribuição entre a população brasileira. “Hoje, temos um conjunto de famílias, que participam do mercado em função do ganho de sua renda. Elas têm mais acesso a bens de consumo, inclusive, ao turismo”, afirmou.

Lobão observa que a facilidade de crédito e a taxa de câmbio também são fatores importantes. “Houve uma melhora na situação de crédito, as condições no Brasil são favoráveis. Crediário mais fácil e uma população com renda mais alta levam a um boom de consumo, principalmente, em alguns setores. O turismo internacional, por exemplo, beneficiou-se não só disso tudo, mas também da taxa de câmbio”, explicou o economista.

“A medida que o real fica mais valorizado, o turismo e os produtos brasileiros ficam mais caros, mas, em compensação, o turismo e os produtos estrangeiros ficam mais baratos. Toda vez que o dólar cai, o preço do hotel, da estadia, da alimentação, dos produtos no exterior também caem, contribuindo para que mais brasileiros optem por destinos internacionais”, acrescentou Lobão.

Fato que, segundo o economista, gera um prejuízo na economia brasileira, pois o turista gera uma demanda. “Ele fica em hotel, esse hotel contrata mais pessoas para isso. O turista vai passear em restaurantes, ou seja, em uma cidade brasileira, esse visitante gera emprego, renda, crescimento. Quando ele viaja ao exterior nós temos uma perda de oportunidade, pois o estímulo para novos recursos é levado para outro país. Os recursos deixam de ser investidos no Brasil”, explicou Lobão.

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