Verão mais saudável

Preocupação com o corpo aumenta na estação mais quente do ano

Fabiana Matsuda (fabiana.matsuda@gmail.com)

Com a chegada do verão, as pessoas sentem mais disposição para realizar diversas atividades, é o que destaca a educadora física Alessandra Momentel, de 23 anos. É nesta estação que a prática de exercícios físicos ganha um incentivo.

Essa tendência pode ser percebida nas academias, que ficam lotadas, e também nas ruas, já que aumenta o número de adeptos de caminhadas e corridas no final da tarde. “O clima favorável dá mais disposição e ânimo. Além disso, o fato de escurecer mais tarde também contribui”, afirma Alessandra.

Recentemente, a Associação Brasileira de Academias (Acad) divulgou dados, os quais revelam que o número de matrículas em academias de ginástica crescem de 20% a 30% na estação mais quente do ano.

Nesta época, o brasileiro fica mais à vontade para suar a camisa em academias de ginásticas e aumenta a preocupação com o físico. As mulheres desejam perder peso para vestir biquínis e desfilar com um corpo ideal nas praias. Já os homens querem definir a musculatura.

Para a estudante de Direito, Luciana Tebecherani, de 21 anos, a preocupação com o corpo aumenta, sem dúvida, com a chegada do verão. Foi pensando nisso e em garantir um estilo de vida saudável que Luciana começou a frequentar a academia em agosto deste ano. “Corro na esteira por uma hora e, com o incentivo da minha mãe, comecei a participar de corridas em São Paulo. No dia 4 de dezembro, vou correr na maratona de revezamento em Interlagos. A equipe é formada por amigos e familiares, cada um dos participantes corre cinco quilômetros no mínimo”, conta a estudante.

Maria Inês frequenta a academia todos os dias

Por outro lado, há quem não perca o pique quando o assunto é atividade física. A empresária Maria Inês Correia Barbosa, de 54 anos, é um exemplo de que a estação do ano é indiferente.

Há 30 anos a empresária frequenta a academia para fazer musculação e aulas aeróbicas. Além disso, Maria Inês divide seu tempo entre o trabalho, a casa, os filhos e a prática de exercícios. “Eu adoro ir à academia. Faço aulas de RPM Cycling, spinning, jumping, step, yoga, ginástica funcional, bionatural, pilates com bola, balners e alongamento, de segunda a sexta-feira, durante quatro horas por dia.

A disposição surpreende e aliada aos exercícios físicos está a boa alimentação da empresária. “Como muitas verduras, legumes e frutas”, afirma.

Cuidados

O número de alunos nas academias tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Segundo a Acad, 5,4 milhões de pessoas frequentam as academias no país. Esse dado cresceu quase 15% em relação a 2010, quando o número de alunos era cerca de 4,7 milhões.

Por esse motivo, de acordo com a associação, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países que mais possuem academias, com 18.195 empreendimentos, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam 29.890.

Alessandra orienta a prática de exercícios

Porém, ao frequentar a academia, as pessoas precisam ter cautela e não podem exagerar. “Sempre devem tomar cuidado com as cargas dos exercícios e não ultrapassar o limite do próprio corpo”, orienta a educadora física Alessandra Momentel.

Além disso, segundo Alessandra, é recomendável que antes de iniciar a prática de atividades físicas, a pessoa passe por um médico para fazer uma avaliação. “Caso exista alguma restrição, o profissional de educação física vai estudar o caso e passar o exercício para ajudar a melhorar a condição física do aluno”, explica.

Para aqueles que pretendem começar ou começaram recentemente a prática de exercícios, a educadora física recomenda sempre procurar um profissional, não ultrapassar o limite do corpo e ter paciência que o resultado aparece.

Filhos de estimação

A configuração das famílias está mudando e pessoas tratam seus animais como seres humanos

Jéssica Momentel (jmomentel@hotmail.com)

Os animais de estimação, sejam eles cães, gatos ou até mesmo cavalos, estão cada vez mais “humanos”. Com nomes de gente, usando roupas, jóias, perfumes, recebendo comida especial e sendo tratados como verdadeiros reis e rainhas, eles deixaram de ser os melhores amigos do homem para se transformarem em filhos.

Sim, é como filhos que muitos humanos hoje tratam seus bichos. Eles se tornaram o centro das atenções.           

A psicóloga Marilice Franco explica que a hipótese para este fenômeno é que a configuração da família está mudando. “Com a correria do dia-a-dia, as pessoas se sentem mais sozinhas, por isso passam a considerar o animal como filhos”, comenta. 

Hana, Luana, Zara e Gabi são tratadas como filhas por Fabiana e Sandro

E não precisa procurar muito para encontrar exemplos de humanização dos animais. Na casa da revisora de texto, Fabiana Dias de Palma, de 37 anos, e do engenheiro mecânico, Sandro Palma, de 36 anos, as yorkshires Hana, Luana, Zara e Gabi fazem parte da família. 

 “É como se elas fossem nossas filhas. Às vezes, para chamá-las eu falo: ‘vem com a mamãe’ e minha filhinha Helena, de dois anos, pensa que estou falando com ela e responde”, comenta Fabiana.

A atenção com as yorkshires é tanta que a revisora de texto já fez até festa de aniversário para as cachorrinhas.

“Eu sempre tive vontade de fazer uma festinha para elas, porém nunca tinha tempo. Mas, neste ano deu certo do aniversário da Zara ser em um sábado. Eu e a Helena aproveitamos e fizemos um bolo, colocamos a velinha e cantamos parabéns. Todas as cachorrinhas ficaramem volta. Foibem bacana”, conta Fabiana.

Amor incondicional

A psicóloga Marilice destaca também que a humanização dos bichos ocorre porque as pessoas acham que a interação com os outros seres humanos ficou complexa demais e acabam transferindo esse amor para um animal de estimação.  

A gata Dara e a égua Jade são as paixões de Mariani

A designer Mariani Camargo, de 27 anos, não esconde a paixão que tem por sua gata Dara e pela égua Jade. “Como não tenho muitas

amigas me apeguei a elas”, afirma.

“As trato como seres humanos. Meu carinho é tão grande que, às vezes, me esqueço que elas são animais”, ressalta.

E Mariani completa. “A Jade me ajuda a fugir do estresse, pois pratico hipismo rural com ela. E a Dara é o meu amor, minha paixão. Eu mimo demais ela. Às vezes, minha mãe chega a ter ciúmes da nossa relação”, revela. 

 Relação quase perfeita

Um animal de estimação não reclama se você demora para voltar do trabalho ou de uma festa, muito mesmo critica se você não quer dar uma volta no quarteirão. É por isso que muitas pessoas acreditam que este seja o tipo de relação perfeita.

No entanto, Marilice alerta que quando os bichos são tratados como humanos eles podem perder a referência. “Portanto, o que importa é oferecer o necessário a eles, sempre os tratando com respeito e carinho”.

A psicóloga enfatiza ainda que humanização ao extremo pode ser prejudicial tanto para as pessoas quanto para os bichinhos.

“Muitos seres humanos não sabem, por exemplo, lidar com a morte do seu animal de estimação e isso acaba gerando vários outros problemas, assim como os bichos também sentem a ausência de seus donos quando eles falecem”, finaliza.

Projeções no Castelo

Projeções no Castelo

Maristela Domingues (maris_domingues3@hotmail.com)

Na noite da última terça-feira, 1 de novembro, a Torre do Castelo, um dos principais pontos turísticos de Campinas, recebeu projeções do grupo Bijari.

A apresentação de vídeo mapping, que deu movimento e cores à Torre, faz parte da Exposição Instante, realizada pelo SESC Campinas, e teve início às 20h.

Confira algumas fotos do evento.

Informações: A Exposição Instante estará em cartaz até 27 de novembro no SESC Campinas.

Rua Dom José I, 230/333

(19) 3737-1500. As entradas para as apresentações são gratuitas.

Para mais informações acesse o site do SESC Campinas

Gato preto em perigo

Gato preto em perigo

     Felinos totalmente pretos são vítimas de mutilações em rituais religiosos na temporada do Dia das Bruxas. 

    Por Marília Cecílio (marilia_ken@hotmail.com)

     Nessa temporada de Halloween a situação fica ruim para os gatos pretos, pois existe a possibilidade de serem perseguidos para a realização de rituais religiosos. No Brasil até já foi criada uma campanha para que ninguém doe gatos de coloração totalmente preta e não castrados (um requisito para o ritual), para protegê-los de possíveis sacrifícios religiosos.

     O preconceito contra esses gatos começou na Idade Média quando as pessoas acreditavam que as bruxas conseguiam transformar-se em gatos pretos e nos dias de hoje é possível ver como esses felinos ainda têm essa má fama, pela dificuldade de serem adotados e também por serem sacrificados em rituais religiosos.

     Nesses rituais, é comum os gatos terem os olhos, dentes e órgãos arrancados, as patas decepadas, focinho costurado, enquanto está vivo. Uma das voluntárias da Associação Amigos dos Animais de Campinas (AAAC), Priscila Dainez Ferreira, conta sobre um caso que já aconteceu na Associação. “Vieram sem os dois olhos, toda a ninhada (de gatos pretos). Alguns morreram. Aliás, existe um quarto na associação só de gatos cegos e muitos foram por causa de ritual religioso.”

     A estudante Flávia Orsi, dona de cinco gatos pretos, diz que não gosta de deixar seus gatos soltos. “Já ouvi muita história de gente que pega gato preto para matar. Então não gosto muito de deixar meus gatos soltos, tanto os pretos como os outros, porque vai saber, sempre tem um maluco por aí.”

Midnight, o gato da estudante Flávia Orsi

          

     Priscila ainda dá dicas de como suspeitar de pessoas que podem estar adotando só para realizar um sacrifício religioso. “Falamos sempre que o gato tem uma manchinha branca ou que já é castrado, porque assim, essas pessoas não adotam. Fazemos isso para a própria proteção dos gatinhos”.

     Mas, se depender do deputado estadual Feliciano Filho do Partido Verde, os sacrifícios de animais não serão mais cometidos. No último dia 15 foi apresentado na Assembléia Legislativa o projeto de lei n° 992/2011, criado pelo deputado Feliciano Filho, que proíbe sacrifícios de animais no estado de São Paulo.

Ritual religioso realizado com gato preto

Vaidade na infância

Vaidade na infância

O uso de produtos de beleza não traz riscos à pele de crianças, mas podem acarretar problemas psicológicos.

Thamires Silva (thamires.tvs@gmail.com)

     Larissa Martins tem apenas 14 anos, mas já cuida da aparência desde os 12. No início acompanhava a mãe ao salão de beleza e logo foi se interessando e quis também fazer as mesmas coisas. Primeiro pediu à mãe para fazer as unhas e, sem seu impedimento, não parou mais de frequentar o cabeleireiro. Já fez mechas e progressivas e não para por aí. Ela, que se considera uma garota bastante vaidosa, faz as unas de dois em dois dias, faz hidratação nos cabelos, se maquia para sair, usa hidratantes, faz sobrancelha e demora bastante para ficar pronta para sair. Larissa ainda revela: quando tinha 12 anos preferia ir ao salão de beleza do que brincar!
     A cabeleireira Vanessa Lopes Barbieri que atende Larissa, revela que o salão recebe várias crianças e adolescentes, e que este é um público em crescimento na área da beleza. Hoje já existem até salões especializados para este público. Segundo Vanessa, as mães sempre acompanham as filhas. “Tem mãe que vai junto, que quer saber como é, se é muito prejudicial, mas na maioria das vezes acabam deixando”, afirma.
     Segundo a dermatologista Christiana Blattner, não há problema em crianças e adolescentes usarem produtos de beleza no corpo ou químicas nos cabelos, como as tão famosas progressivas. Ela revela que o formol presente nos produtos para este tipo de alisamento é uma quantidade muito pequena e não traz riscos. A dermatologista ainda afirma que o uso contínuo de secadores e chapinhas podem ser mais prejudiciais aos fios de cabelo, provocando queda devido o estiramento que provocam nos cabelos e que por isso, às vezes, é preferível o procedimento de progressivas. O cuidado que se deve ter, segundo ela, é quanto a repetição do procedimento, havendo intervalos entre uma química e outra. Quanto a maquiagens e depilações, a médica Christiana também deixa claro que não há problema no uso para essa faixa etária, mas aconselha que para fazer a depilação definitiva, é preciso esperar pelo menos a primeira menstruação das meninas. Para a dra. Christiana, o maior problema dos cuidados da beleza para crianças é o risco de se perder a fase da infância em função da estética.

Larissa Martins escolhe o esmalte da vez

Sobre este ponto, o psicólogo, clínico e psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos Iuri Victor Capelatto, explica que a busca excessiva pela beleza, é um dos fatores que ajudam na diminuição da infância nos tempos modernos. Segundo Capelatto a vaidade pode ser vista por dois aspectos: um bom e outro maléfico. Ele explica que quando a beleza é passada para a criança ou adolescentes como forma de se valorizar e cuidar do corpo com que nasceu, pode ajudar na formação da auto-estima . Mas segundo Capelatto, hoje em dia a vaidade é vista como um exigência sem limites de buscar a perfeição, o que na realidade não exite, fazendo com que as pessoas procurem defeitos que as desvalorizem e pensem que nunca são boas o suficiente, o que gera a insegurança. “Isso traz problemas em diversas esferas, como a retirada da infância e de valores da criança”, afirma Capelatto. Essa retirada de valores das crianças, segundo o psicólogo, pode gerar futuros indivíduos depressivos, psicóticos e mórbidos ou até mesmo crianças sem capacidade de criarem laços afetivos no futuro. “Além disso pode haver a sexualização precoce”, afirma.
     Outro aspecto que ajuda o encurtamento da infância, segundo Capelatto, é quando se exige das crianças atitudes de adultos, principalmente pelos pais. “Estamos também retirando a infância da criança e exigindo que elas se comportem como pequenos adultos o tempo todo.” Mas essa exigência é uma ilusão. Capelatto acredita que na realidade não é que as crianças se tornam maduras mais cedo, mas sim, que têm mais acesso a informações, porém sem capacidade de saber utilizá-las. “Estamos tirando das crianças a possibilidade para que elas possam viver momentos de crianças.”, afirma.

Quando o inimigo é você

Conflitos psicológicos podem levar à autossabotagem

Jéssica Momentel (jmomentel@hotmail.com)

Há dois anos, a estudante C.V., de 18 anos, passou por uma fase difícil em sua vida. Após o término do seu primeiro relacionamento, ela desenvolveu problemas alimentares. “Comecei a comer compulsivamente, principalmente doces, e consequentemente engordei 10kg”, conta. A partir daí, C.V. tentou realizar diversos tipos de dietas, mas quando exagerava em alguma refeição não pensava duas vezes antes de tomar uma atitude radical: bastava se sentir culpada para que vomitasse tudo o que havia ingerido. “Fiquei pelo menos seis meses nesta situação. Era bastante difícil. Eu sabia que tudo isso era um princípio de bulimia”, lembra. Vendo que a situação se complicava, com o passar do tempo, C.V. concluiu que não podia continuar desta maneira. “Depois que vomitava me sentia angustiada e ansiosa. Sabia, portanto, que tinha um problema e que precisava resolvê-lo”, completa ela.

A bulimia é um exemplo de autossabotagem, situação na qual a pessoa pode prejudicar a si própria. De acordo com a psicóloga Marilice Franco, o autoboicote é um círculo vicioso – formado pela obsessão, seguida da compulsão, a qual gera culpa, o que leva à formação de uma nova obsessão, iniciando novamente este ciclo.
Para ela, muitas pessoas quando estão de regime sentem vontade, por exemplo, de comer um chocolate. “Existe, porém, várias formas de saciar esta vontade sem prejudicar a dieta. Mas, é aí que começa todo o círculo da autossabotagem: você não se controla e come além do que deveria (obsessão). Em seguida pensa: ‘poxa, não podia ter comido’ (angústia). O sentimento de culpa se torna tão grande que a pessoa se boicota, no caso da bulimia ela sente necessidade de vomitar. E um novo ciclo de angústia e obsessão surge”, explica Marilice.
No entanto, há muitas outras formas de boicote, além da bulimia. No trabalho, por exemplo, você já passou por alguma situação em que deixou de assumir seus compromissos ou atrasou suas tarefas por medo ou insegurança? E quando o assunto é relacionamento, você nunca está satisfeito? Quando encontra a pessoa certa, acredita que você não é o certo para ela ou sempre se relaciona com pessoas parecidas?
A psicóloga afirma que autossabotagem é mais comum do que se imagina entre a população e por isso este assunto merece atenção.
“É como se duas pessoas vivessem dentro de um mesmo corpo, cada uma querendo algo diferente, e ao final vence aquela que tiver mais força. É a eterna luta entre o bem e o mal”, destaca Marilice.
Além disso, a psicóloga alerta que o autoboicote não é algo recente, como muitas pessoas podem imaginar. Em 1916, o criador da psicanálise Sigmund Freud já havia feito um artigo denominado “Os que fracassam ao triunfar”, o qual discute o medo de ser feliz e a autossabotagem.

Causas

O boicote, segundo Marilice, ocorre quando a pessoa está confusa, com medo ou precisa fazer alguma escolha, resolver conflitos e dar um novo rumo a sua vida.

A psicóloga Marilice Franco destaca que a autossabotagem ocorre principalmente quando a pessoa precisa fazer alguma escolha

“Fatores externos e internos influenciam nossas atitudes. Ou seja, agimos por pressão dos que estão em volta de nós e também somos influenciados pelo nosso inconsciente, geralmente formado por situações aprendidas na nossa infância”, diz.
Para exemplificar a psicóloga conta ainda outro caso muito comum de autossabotagem. “Há alguns anos, eu tinha uma paciente que não conseguia passar no vestibular, apesar de toda a dedicação com os estudos. Após algum tempo de tratamento sugeri a ela que prestasse novamente o vestibular, mas sem contar a ninguém. Ela seguiu minhas orientações, mesmo sem entender muito o porquê do sigilo. Após fazer tudo ‘às escondidas’, minha paciente foi aprovada”, relembra.
Marilice explica que, neste caso, sua paciente sofria uma pressão muito forte de sua mãe (fator externo), que queria que ela fosse aprovada em uma universidade, e ao mesmo tempo tinha medo de decepcionar seus pais e os que os outros iriam pensar se novamente ela não passasse no vestibular (fatores internos).
“Trabalhando, portanto, o inconsciente e a ajudando a se livrar das pressões externas, ela conseguiu finalmente ser aprovada e hoje está praticamente se formando”, comemora a psicóloga.
Marilice ressalta, desta forma, que o boicote ocorre também em razão do medo de ser feliz ou de errar. “Algumas pessoas acham que não são merecedoras do que estão vivendo, como se fossem criadas apenas para sofrer. Porém, a única coisa que te impede de ser feliz é você mesma”, declara.
Por isso, de acordo com a psicóloga, a famosa frase: “deixa como está para ver como fica” é ideal para quem se boicota. “Às vezes, a parte de uma pessoa quer realizar o desejo, mas a outra parte não quer ou não deixa. Essa acomodação, geralmente, é o inconsciente”, diz.

Não é doença

Marilice afirma, entretanto, que a autossabotagem não é uma doença. “O boicote não é caracterizado como uma patologia, mas sim, algo do próprio ser humano, que se manifesta principalmente diante de situações que requerem mudanças”, completa.
Portanto, para se livrarem do problema, é indicado que os autossabotadores identifiquem o que realmente querem para a vida.
“Busque dentro de você quais são as suas vontades. O seu desejo tem que ser maior que a pressão e o inconsciente. Não é fácil. É a lei do mais forte”, ensina.
É preciso, por isso, colocar de lado os medos e as angústias. “Acredite em você mesmo e não permita que pensamentos negativos paralisem suas atitudes”, finaliza Marilice.

Gostou do assunto? Leia mais:

Você pratica a autossabotagem?

• Blog do Nicholas 

Desassossego

Desculpe a poeira

 

Dinheiro não é documento

Mesmo com a diferença financeira, um grupo de amigos não desistiu de viajar juntos, mas ficar separados, em Blumenau.

Luiza Oliveira (luli.r.oliveira@hotmail.com)

Raphel Gavino e Daniel Daneluz com seus amigos na primeira noite do Oktoberfest

Um grupo de amigos de Jundiaí planejou a viagem para o Oktoberfest desde o início de 2011 e a diferença financeira não foi problema para que pudessem se divertir juntos. O poder aquisitivo era diferente ente eles, cada um encontrou uma maneira de realizar a viagem e se hospedar em Blumenau. Eles se encontravam na hora das festas e se separavam apenas na hora de dormir (por poucas horas).

Preocupado com o conforto e segurança, o engenheiro Agnaldo Campos, ficou em um hotel próximo ao Parque Vila Germânica, local onde acontece a festa. “Eu poderia ter ficado em algum lugar mais em conta, mas é o terceiro ano que vou a Blumenau e desta vez me dei de presente uma hospedagem mais sofisticada”, afirma. Agnaldo gastou R$1.000,00 só com a hospedagem do hotel e em torno de R$900,00 com outros gastos como passagem aérea e alimentação.
No mesmo grupo de amigos, o administrador Daniel Daneluz, de 24 anos, deixou para fechar a viagem semanas antes do evento e como os preços da hospedagem estavam altos, ele comprou apenas a passagem aérea, gastando no total da sua viagem R$900,00. “Coloquei a mochila nas costas e fui acompanhar meus amigos. No primeiro e no segundo dia dormi no Galegão (ginásio da cidade) e no terceiro encontrei um amigo de infância que estava em uma casa alugada. Ele me salvou por mais dois dias”, brinca.

Um das fotos que Raphael postou em tempo real

Já o estudante Raphael Gavino, de 22 anos, ficou hospedado na casa de um conhecido e conseguiu pegar uma promoção das passagens aéreas no começo do ano, gastando na viagem cerca de R$600,00. Nos quatro dias em Blumenau, Gavino achou interessante mostrar aos seus amigos e familiares o que estava acontecendo por lá. Postou em tempo real fotos e vídeos da viagem no facebook por meio de um smartphone. “Além de ir postando sobre a festa, usei a internet para me comunicar com os outros meninos do grupo. Combinamos sempre um lugar perto do Parque para nos encontramos antes de entrar para a festa.”, comenta o estudante.

Independente do quanto gastaram com a viagem, os amigos mostraram que é possível conhecer novos lugares e se divertir de qualquer forma. Por meio de uma agência de viagens ou com uma mochila nas costas, todos alcançaram o mesmo objetivo: diversão.

O grupo que ficou de quatro a cinco dias no Sul, voltou a São Paulo empolgado, planejando a curtição para 2012 e comentando principalmente das bebidas típica. Mas a festa alemã vai além da cerveja, é composta por muito folclore, resgatando a memória e tradição germânica aos descendentes e turistas.  Durante 18 dias os blumenauenses mostram para todo o Brasil a sua riqueza cultural, revelada por meio da música, da dança e da gastronomia típica, que preservam os costumes dos antepassados vindos da Alemanha para formar colônias na região Sul.

Segunda noite do Oktoberfest em Blumenau

 Site oficial – Oktoberfest Blumenau

  
Marcha das Vadias

Marcha das Vadias

Evento  que luta pelo fim da violência contra a mulher reuniu diversos grupos.

Carolina Martins (carol_martins7@hotmail.com)

Cerca de 400 pessoas se reuniram  no último sábado, às 9 horas em Campinas, na frente da Catedral Metropolitana para realizar a Marcha das Vadias, movimento mundial que luta pelo fim de todas as formas de violência contra a mulher. O evento em Campinas reuniu mais pessoas que a marcha de São Paulo, na qual aproximadamente 300 manifestantes protestaram na Avenida Paulista. Segunda a coordenadora da Marcha das Vadias em Campinas, Mariana Cestari, o evento cumpriu com seus objetivos.

A maioria das pessoas que passava pelo Largo da Catedral nunca tinha ouvido falar desta marcha. Apesar disso, muitos manifestam simpatia pela causa, como Abmael de Oliveira, de 26 anos, ele achou a manifestação muito bonita “isso é muito bom, precisa mesmo de um alerta”, diz.

Ativistas preparam os cartazes em frente à Catedral

Carregando cartazes que pediam mais respeito, dignidade, direitos iguais e o fim dos estupros, as mulheres marcharam gritando palavras de ordem como “em briga de marido e mulher meto sim a colher” e “se o papa fosse mulher o aborto seria legal”.

O vestuário é uma marca das Marchas das Vadias, na maioria das edições as mulheres vão com lingerie. Mas, na versão campineira o visual foi bem diversificado. Havia mulheres trajando somente roupas íntimas também, mas outras estavam vestidas de homem e com roupas casuais. Alguns homens apareceram vestidos com roupas de mulher. Cada um encontrou uma forma de protestar.

Diversos grupos compuseram a marcha campineira. Havia representantes de partidos políticos, como PSOL e o PSTU, as Promotoras Legais Populares, que apóiam vítimas de agressão sexual, a ONG Identidade, que luta pela causa LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), o grupo Anarkio, que defende a ideologia anarquista e um grupo intitulado Anônimos.

Marcha na 13 de Maio, em Campinas

Segundo Pedro Oliveira, militante do PSOL, é preciso discutir os direitos femininos e acabar com a desigualdade de gênero. “A realização desta manifestação é fundamental. E a participação da juventude é essencial para a continuidade do projeto”, afirma.

As manifestantes relembraram mulheres que foram mortas ou agredidas por namorados, maridos e amantes. Como Eloá e Elisa Samudio, assassinadas pelos parceiros, em 2008 e 2010 respectivamente.

 

Rafaell Moreira e Luiz Felipe Davanzo, militantes do grupo Identidade, destacaram a importância da luta pela causa feminina, pois, segundo eles “quando um segmento sofre, todos sofrem”.

Rafael Moreira pede igualdade

Escola da violência

Escola da violência

Psicóloga Rita Khater afirma que o jovem reproduz agressividade que vê na família e na sociedade.

Por Mariana Moura (mariana.mp1@puccampinas.edu.br)

Alunos que agridem professores. Filhos que se rebelam contra os pais. Colegas de classe que sofrem agressões verbais e físicas. Intolerância às diferenças e interesses diferentes. Brigas em jogos de futebol. Essas situações e muitas outras acabaram tornando-se comuns no universo juvenil. Mas de onde vem essa irritabilidade? Onde está o limite?

Segundo a psicóloga da Puc-Campinas, Rita Khater, o jovem reproduz a violência que vê desde a infância. Passa a ser um problema quando as atitudes violentas são atribuídas à idade. O período de rebeldia pode não ser apenas uma fase passageira e perdurar até a vida adulta. E, então, pode ser tarde para tentar corrigir a personalidade da pessoa.

As diversas formas de atitudes violentas, sejam ela verbais ou corporais, podem ser influenciadas por diferentes fatores. Por esse motivo, é importante estar atento ao universo juvenil, desde a educação recebida pelos pais até o círculo de amizades do adolescente. É nessa idade que a formação do caráter começa e ela pode ser fortemente alterada de acordo com o ambiente em que vive o jovem.

Rita Khater diz que a necessidade do jovem de pertencimento o leva a agir igual aos outros membros do grupo em que vive. Se “o cabeça” do grupo age com violência, é esperado que os colegas se espelhem nele e façam o mesmo por convivência ou por medo de ser uma vítima. Ainda segundo estudos da Psicologia, o comportamento normal do ser humano é reproduzir aquilo que vivenciou ou agir de forma oposta. O primeiro caso é mais comum.

“O jovem não nasce violento, ele aprende a violência na nossa sociedade”, afirma a psicóloga Rita Khater

A agressividade é desencadeada por vários fatores, entre eles o comportamento dos pais ou familiares, a falta ou excesso de imposição de limites, as amizades, a cultura imposta (que pode induzir ao preconceito ou discriminação), a mídia e as tecnologias, entre outros.

A professora Celine Gracindo dá aulas para alunos do Ensino Fundamental e diz que, já nessa idade, observa crianças agressivas e que, em muitos casos, essa agressividade vem da própria casa em função da educação recebida. “A gente percebe que muitos pais não têm paciência nem para conversar com os educadores e, em alguns casos, chegam a duvidar do professor quando há o relato de problemas de violência em sala de aula. Eles são o espelho e acabam cegos aos problemas dos filhos, que acabam prejudicados”, afirma.

Gostos diferentes

Uma das situações em que é possível observar o comportamento violento de jovens são os jogos de futebol. Muitas partidas terminam em brigas entre torcedores e em vandalismo. As atitudes desenfreadas podem ter tido origem na infância e adolescência, aponta Rita Khater. “Nos jogos de futebol fica nítido que os agressores, muitas vezes, não aceitam perdas e derrotas, e reagem com violência.”

Exemplo disso foi o último Derby campineiro, disputa entre os times Guarani e Ponte Preta, que ocorreu no dia 16 de julho de 2011 no Moisés Lucarelli, Estádio pertencente à Associação Atlética Ponte Preta (AAPP). Durante o intervalo do jogo, o locutor Raul Lázaro, contratado para animar o evento no estádio, deu início a provocações contra os bugrinos. Como resposta, os torcedores do Guarani quebraram catracas e portões e atearem fogo nos banheiros.

O torcedor do Guarani, Lucas Rodrigues, foi vítima de violência em 2008, na estréia da Série C. Ele ficou no meio da briga entre a Fúria Independente, torcida organizada do Guarani, e a Jovem Ponte, torcida da Ponte Preta. Acabou sendo agredido. Ele foi parar na UTI com ferimentos na cabeça e teve um dos braços quebrado.

O confronto com a polícia se estendeu por quase todo o intervalo. Ao final do jogo, os atos de violência e selvageria se repetiram, dessa vez fora do estádio. Ônibus foram quebrados e torcedores, feridos.